quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Previsões, planos, promessas, balanço

Época de ler bilhetes, mensagens, cartões com citações e poesias falando da esperança, da beleza da simplicidade, da vida, dos desejos para o ano que virá.
Também cheio das previsões, de análise de cenários de futuro mais pragmáticos a "viagens" astrológicas. Sem demérito de nenhuma delas, quem sou eu para duvidar...
De qualquer forma, chamam atenção para o meu balanço do que foi.
Etapa inevitável para planejar um novo ano, cheio de promessas para um ano que ao final terá um novo balanço e novas promessas reeditadas para o próximo, e outros tantos anos.
Balanços.
Me vem à cabeça um texto de Rubem Alves que li há tempos atrás.
Falava de balanço, balanço mesmo. Da delícia que é balançar num parque, num quintal, embaixo de uma árvore. Um costume que os adultos deixam para trás, coisa de criança, e esquecem como é bom, gostoso.
Leveza.
E, de verdade, me traz esta sensação mesmo.
Estar no ar, pés no chão em alguns momentos para manter o impulso. E depois perna esticada, perna dobrada, para manter o movimento para frente e para trás.
Vento no rosto.
Em casa, quando chegam crianças, o que é bastante frequente, atravessam a sala correndo e vão direto ao balanço que vêem no jardim desde a porta de entrada.
Inveja.

Feliz Anos Novos,
com muitos balanços,
o tempo todo.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Tricotando

Todo mundo já viu uma avó ou alguém tricotar.
Ponto por ponto, linha, lã, longas agulhas, mais finas, mais grossas e a lista do que pode sair de lá ainda mais longa: malhas, cachecóis, meias, bolsas, polainas - peça de vestuário muito estranha, mas me lembro desta possibilidade porque era moda nos anos 80 (!!!)  e foi a primeira coisa que aprendi a fazer no tricô em umas férias de julho na casa de minha avó.
De possibilidades em possibilidades, também a palavra tricotar é usada de outras formas.
"Estava tricotando com alguém" - fofocando, contando e ouvindo histórias.
E vivi isto literalmente e entendi que pode ser ainda mais.
Num inverno há uns 4 anos atrás meu avô de 92 anos faleceu
Boa parte da família foi para a cidadezinha do interior se despedir.
Era meio de semana e, seguido ao enterro, todos voltaram para suas cidades para trabalhar.
Ficaram alguns, principalmente mulheres: filhas, netas, acompanhando minha avó naqueles dias.
Eu fui das que voltou para trabalhar.
Mas retornei no fim da semana e encontrei todas na varanda,
tricotando, num clima de conversinha tranquila, minha avó quietinha junto.
Não sei o que saiu daqueles dias. Provavelmente cachecóis, talvez alguma malha.
E claro, uma tranquilidade maior para passar por um período difícil que viria.
Me juntei a elas, na conversa, não nos pontos daquela vez.
Aliás, faz tempo que não pego uma agulha, nem nunca tive tanta destreza assim,
e também não é inverno.
Mas adoro um tricô.


Outro dia fiquei lembrando: das minhas duas avós, uma era do tricô, a outra do crochê. Não sei se isto quer dizer alguma coisa.