segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Teatros

Casei.
Grande festa,
tudo de bom,
amigos, família.
Especial.
Mas não quis,
não quisemos,
nem a parte igreja,
nem nenhum outro ritual:
entradas,
músicas e falas especiais escolhidas para cada momento.
Uma boa festa sim.
Com músicas muitas, nem sei em que ordem.
E dançamos muito.
Entre as tantas razões
não queríamos teatro, pensávamos.
Apesar de toda a antropologia que estudara,
logo para mim não cabia um ritual, pronto.
Mas fui a milhares de casamentos,
antes, depois, sempre.
Estes que, em geral,
poderia-se dizer que são organizados como teatro.
Em um deles, especialmente lindo.
Igreja da Glória no Rio,
pequena,
aconchegante.
Estava com as meninas
logo no começo do corredor central
para ver bem todas as entradas:
padrinhos, pais, daminhas e os noivos.
Músicas específicas para cada entrada.
Pausa. Silêncio.
A grande música, som crescendo,
portas se abrem enfim para os noivos.
E uma de minhas meninas, cobrindo os olhos, me fala:
"Ai, mãe, não gosto desta parte!"
"Como não? É a parte mais linda, mais emocionante!"
"É por isto mesmo! Não gosto de muita emoção!"
Acho que esta era uma das razões
pelo menos para mim,
do não-ritual de meu casamento.
Sem saber que teatro é mesmo ensaiado,
tem falas prontas, figurino, personagens,
entradas certas nos momentos certos.
Mas traz muita emoção e nos faz sentir emoção.
E é disto que se trata.
E como minha menina,
não sei bem o que fazer com isto,
mas não cubro os olhos.
Choro em casamentos.


 

Um comentário:

  1. Déia querida!!!

    Sua sensibilidade me emociona. Como você capta as imagens! Bj. Nylce.

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