segunda-feira, 28 de novembro de 2011

É demorado


Um tanto de tempo depois que minha primeira filha nasceu,
cansaço já diminuído,
me dei conta.
Tão claro e tão difícil de entender.
Mais ainda de explicar.
O tempo, a história, já não eram mais os meus.
Eram os dela.
Ver uma nova vida e uma nova história começando.
E uma sensação de que a minha linha do tempo terminava ali,
eu continuaria numa outra linha do tempo.
Me estranhei.
Em algum momento retomei minha linha e aquela sensação sumiu.
E outro dia li uma citação de Guimarães Rosa:
"Vocês têm paciência meus filhos. O mundo é meu, mas é demorado...".
Riobaldo, que não falava de filhos, mas de um cuidado com os seus no meio de uma batalha. E a paciência necessária para esperar o final.
Já estava com aquela minha história na cabeça e achei que um pouco me servia.
Sobre tempos, sobre cuidados.
E por tempos e cuidados,
me serviu ainda mais num momento em que minha mãe recém fez seus 70,
com grande comemoração.
Tem sua linha do tempo e tem o sempre cuidar dos seus.
Do sentir como mãe e como filha, posso dizer:
O mundo é meu e é dela e não é preciso pedir paciência.
Está aí e é demorado.

Um comentário:

  1. É como uma trança: sempre tem uma das mechas que fica mais curta. E a gente remaneja. Então, daqui pra frente, é passar um pouco da deia menina pra deia senhora. E fica equilibrada e vistosa.

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