sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Rio

Houve um tempo em que, na volta ao Brasil, os aviões faziam primeiro uma escala no Rio antes de chegar a São Paulo. E aterrisávamos ao som do Samba do Avião, de Tom Jobim...
"Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro..."
Emocionante, era.

Houve um tempo em que meus pais faziam viagens de final de semana ao Rio para atualizarem-se das últimas peças de teatro e apresentações culturais que demorariam a chegar a São Paulo.

Muito antes disso, houve tempos em que o Rio podia ser declamado sem culpas pela sua malandragem, pelo samba, por Noel, por Cartola, por Garrincha, pela Bossa Nova, pelas escolas de samba, pelas...

Não sei onde se perdeu todo este romantismo. Mas a bem dizer, nem sei se alguma vez foi além de romantismo mesmo. Sempre houve povo nos morros e uma zona sul bronzeada, bebendo nos bares à beira mar, cantando as belezas do povo e do lugar, criando esta imagem da cidade maravilhosa. Mas nada diferente também de outras "zonas sul" de muitas outras cidades brasileiras que, no entanto, nunca tiveram o mesmo charme a cantar.

Mas ao som dos estampidos nas capas dos jornais, que também já vêm de muitos anos, das versões de Tropa de Elite, dos bloqueios na Linha Vermelha, etc, enfim, fica difícil, alienante, quase imoral manter esta visão.

Peço licença. Quereria continuar com o romantismo. Algum. Um novo, talvez, com algum pé na realidade, se é que romantismo e realidade podem conversar. Mas, com todas as suas belezas e contradições, torço pelo Rio, pelo lugar, pelo seu povo, pela sua cultura, por uma renovação de sua história em outras bases - inclusivas - mas sem perder todo o seu charme.

Uma paulistana, da gema.
Minha alma canta...vejo o Rio de Janeiro...

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